Existem pessoas que nos fazem crer que foram mandadas para Terra a fim de espalhar o bem e o sentimento de
fraternidade, fazendo deste mundo um lugar melhor para se viver. Para elas, é tão espontânea a prática virtuosa que não se cansam diante dos desafios e conseguem conciliar suas vidas em meio a projetos e iniciativas. Um exemplo disso são os voluntários e padrinhos da Fraternidade sem Fronteiras (FSF), Francisco Soares Rodrigues Filho e Luceli Donegá Rodrigues, os quais trabalham em diversas ações em prol de ampliar a mensagem da FSF por todos os cantos que passam.
Francisco foi criado em uma família religiosa e desde muito cedo aprendeu na prática o que é doar-se ao próximo, pois, acompanhava as ações solidárias desenvolvidas na igreja que frequentava e, dessa forma, foi plantada a semente que daria belos frutos no futuro.
A árvore da fraternidade já começava dar sinais positivos mesmo antes do casal conhecer os projetos da FSF, sendo que a primeira ação voltada para o bem-estar do próximo foi desenvolvida por Francisco enquanto professor em uma escola na cidade de Santo André (SP). Em um projeto que oferecia esporte e atividades recreativas e culturais para comunidade em geral aos fins de semana, ele se mobilizou para organizar campeonatos de skate e como parte da inscrição, arrecadar agasalhos para pessoas carentes ou um valor para contribuir com pequenas reformas na escola.
Depois de um tempo, houve um chamado ainda mais forte durante uma reunião da casa espírita que frequentava. Na prece em favor da paz, da humanidade e do planeta, ouviu uma mensagem sobre as ações precisarem sair das quatro paredes, e isso se repetiu em três sessões diferentes, ele conta que aquilo o abalou muito e, na época, pensou “tem razão, eu estou aqui na casa espírita, é legal trabalhar aqui dentro, receber as pessoas, mas, e lá fora”?
Ele conta que estudou o evangelho por seis anos e entende que todo o aprendizado conquistado é para usar na vida, é
para gente ir onde estão os necessitados. Também se refere à oração de São Francisco, pois, nela o santo pede a Jesus que mostre onde precisa estar para acalmar as dores dos que precisam. Assim, Francisco começou a buscar alternativas para colocar em prática esse amor que aprendeu e, buscando pelas redes sociais, achou uma mulher que usava um nariz de palhaço dentro do hospital e entrou em contato com ela, que o convidou para conhecer o trabalho voluntário de doutor da alegria, que fazia visitas aos pacientes.
Por circunstâncias da vida, ela acabou indo para Itália, e ele acolheu os voluntários que ficaram no Brasil, fundando
o Doutorandos da Alegria, projeto que foi abraçado com alegria pelo Hospital Estadual Mário Covas, em São Paulo. Dessa forma, os frutos da solidariedade foram prosperando, sempre ao lado de Luceli, sua companheira de vida.
Os caminhos do casal e da FSF se cruzaram em Uberaba, em uma visita que eles faziam na cidade para conhecer a raiz do espiritismo ensinado por Chico Xavier. Nessa oportunidade, conheceram uma senhora chamada Neuza, que coordenava as reuniões nessa casa espírita, inclusive os convidando para se sentarem à mesa que o espírita psicografava para as mães.
Com os laços de amizades firmados, Neuza os apresentou ao grupo Costurando com Amor, que faz vestidos para as meninas acolhidas pela FSF em países da África. Nessa visita, ele conta que foram de doutores da alegria, caracterizados de palhaços e fazendo brincadeiras com as senhoras costureiras. Dessa forma, também conheceram Lawrence Garcia, representante regional de FSF em Uberlândia (MG), que fez uma apresentação formal dos projetos da organização. De acordo com suas palavras, “ele e sua esposa, de certa forma, desidrataram de tanto chorar de emoção”. Os dois ficaram encantados com a iniciativa da ONG e saíram de lá com um desejo muito forte de auxiliar a Fraternidade, e começaram conseguindo doações de remédios para serem encaminhados para Campinas e de lá, distribuídos para os centros de acolhimento da FSF.
“Mas você vê como Deus vai ajeitando as coisas? Eu já conhecia uma pessoa maravilhosa, que conviveu com o Chico
na infância e a adolescência, e ela é dona de um centro que fica na Vila Formosa, em São Paulo. Esse centro tem um asilo de senhoras, um salão de palestras, uma creche e uma clínica com médicos, psicólogos e dentistas, que dão toda a assistência para as senhoras, para as crianças e para os necessitados do entorno. Ela recebe bastante medicamento e chega um momento que tem tanto remédio que sobra porque, às vezes, vem em quantidade maior que precisa. Eu falei para ela da Fraternidade sem Fronteiras e ela amou. Então,começou a doar uma parte dos medicamentos, que eu transferia para Campinas”, explica.
Na vontade de auxiliar cada vez mais, ele pensou em criar uma ONG em prol da FSF, contudo, em uma conversa com Ranieri Dias, vice-diretor da Fraternidade sem Fronteiras, quem conheceu dias depois de ter essa ideia, acabou convencido a abrir um bazar em Santo André, no qual toda renda seria revertida para os projetos fraternos e, assim, se criou o Bazar Tamu Juntu.
“O Bazar nasceu em setembro do ano passado, sem fins lucrativos, toda renda é revertida para os projetos da
Fraternidade sem Fronteiras, ele abre terça, quinta e sábado. Terça e quinta são voluntários de São Paulo e dia de sábado fico eu e algum voluntário. Muitas vezes essa renda serve para perfuração de poços artesianos na África e no sertão da Bahia, também para colocar comida no prato das crianças na África, então, eu sei que a verba do bazar tem esse objetivo forte do poço artesiano e da comida das crianças, mas é lógico que ele pode ser destinado para qualquer outro projeto. O importante é que ele está em boas mãos e eu digo isso para todo mundo que vem comprar e para quem está doando”, conta Francisco.
Perguntado sobre como consegue conciliar tantas atividades em prol do amor ao próximo com seu trabalho formal e as demais áreas da sua vida, ele diz que quando o trabalho é feito em favor do próximo, não existe cansaço.
“O que eu acho fascinante é que quando a gente está na dinâmica do amor, na dinâmica da fraternidade, do amor ao próximo, nada fica difícil, não tem essa de você achar ‘nossa, eu estou lotado, não dou conta, não consigo absorver mais nada’, a gente sempre acha uma brechinha para encaixar alguma coisa. Acho incrível isso porque não pesa, não cansa, não estressa, pois o trabalho no bem é amparado espiritualmente. O trabalho do bem da Fraternidade é alegria nos olhos de Jesus e é por isso que flui.”
Formado em Letras, Logística e Processos Químicos, hoje, ele divide seu tempo entre o trabalho como analista de logística e o voluntariado nas causas de amor. Além dos Doutorandos da Alegria, ele ainda envia os remédios para Campinas, cuida do bazar em Santo André e da Logística do Bem, iniciativa sua para facilitar o transporte de materiais entre os projetos da FSF.
“Cada ação em prol desses projetos, cada ação de entrega vai junto com seu coração, o amor e uma flor de luz dos jardins de Jesus. Somos convidados todos os dias a entrar no jardim, colher as flores e entregar para os nossos irmãos mais necessitados”, declara emocionado.
Por meio da Logística do Bem, ação que visa facilitar o transporte de materiais entre os projetos da FSF e conta com transportadoras parceiras que fazem isso gratuitamente, ele conseguiu entregar para Clínica da Alma, em Campo Grande (MS), dois consultórios odontológicos completos para as alas feminina e masculina, frutos de doações, que proporcionarão aos residentes da Clínica qualidade no atendimento odontológico.
Também são enviados os remédios e curativos para as crianças assistidas pelo Jardim das Borboletas, projeto criado por Aline Teixeira e abraçado pela FSF. Segundo Francisco, há planos para ampliação dessa rede de distribuição com o intuito de atender cada vez mais borboletinhas, como são conhecidas as crianças com Epidermólise Bolhosa (EB), doença de pele rara e incurável.
Francisco e Luceli seguem fazendo suas ações em prol de espalhar o amor e a fraternidade pelos lugares em que passam, seja usando narizes de palhaços em corredores de hospital, enviando remédios aos que precisam ou apadrinhando os projetos da FSF. Carregam dentro de si esse sentimento genuíno de fazer o bem sem olhar a quem porque sabem que basta uma ideia e uma ação para que os elos da corrente do bem se fortaleçam.
“As pessoas não podem ficar esperando uma oportunidade e nem recursos para começar porque se for esperar, nunca vai começar porque o recurso não vem, tem que pensar sempre assim: ‘o que eu posso fazer agora?’, se é pouco, faça com esse pouco, o que não pode é não fazer nada”, finaliza Francisco.