Mais 300 crianças na escola
A parceria da Fraternidade com Danilo Farias ampliou o trabalho e hoje a escola oferece estudo a 300 crianças, do ensino materno ao primeiro grau.
A realidade do Norte da ilha de Madagascar não é de seca, mas de famílias que dependem da pesca para sobreviver. Na falta do que alimenta e gera sustento, pais migram para regiões onde possam encontrar trabalho, enquanto filhos sobrevivem com os avós sem nenhuma renda e na dependência de frutos colhidos da floresta para comer.
É neste local que em fevereiro deste ano, a Fraternidade Sem Fronteiras passou a apoiar os projetos do brasileiro Danilo Farias. Bailarino que viveu duas décadas em Milão e deixou a carreira no auge, trocando os palcos pela missão de trabalhar por famílias na África.
Danilo é nossa ponte fraterna em Madagascar e quem coordenou a reforma da primeira unidade e onde funciona a sede da FSF no País. Com uma trajetória de sucesso profissional e realização pessoal, Danilo volta a ser bailarino duas vezes por ano, quando vai à Itália se apresentar em espetáculos que custeiam o acolhimento às crianças e adolescentes em Madagascar. No restante, ele interpreta a vida real do pai de 16 filhos africanos: o mais novinho tem 1 ano e 4 meses e o mais velho, 19 anos.
A primeira ida dele a Madagascar foi como auxiliar da amiga dentista Nicoleta para uma caravana de 15 dias, em 2012. Depois voltou mais vezes até que quatro anos atrás resolveu atender ao que o coração pedia e permanecer onde se sentia em casa. “Nosy Faly é onde eu tenho a missão”, diz Danilo Farias, hoje com 42 anos.
Ele conheceu a região acompanhando uma freira com 30 crianças para uma semana de esporte e dança. “Lá conheci uma estrutura abandonada, onde eu poderia fazer uma escola. E aí começou a minha aventura em Nosy Faly”, conta.
A parceria ampliou o trabalho e hoje a escola oferece estudo a 300 crianças, divididas em oito classes, do ensino materno ao primeiro grau. “E eu quero chegar a 500”, sonha o bailarino. As salas foram feitas a partir de matéria-prima local e o acabamento vem dos sentimentos: cuidado e muito zelo.
Em julho, Danilo completa quatro anos de dedicação onde escolheu viver. Impulsionado pela força do amor, ele vem sustentando a causa sem nenhum apoio institucional, recebendo ajuda de amigos, além dos eventos que protagoniza na Europa. A região nem sequer conta com luz elétrica.
“A prefeitura não tem dinheiro e nas escolas, os professores chegam a ficar oito meses sem receber pagamento e para viver, não aparecem na escola para poder pescar”, exemplifica Danilo.
A solidariedade de Danilo une-se também ao colaboradores no Sul da ilha, onde a Fraternidade expande o trabalho de ajuda humanitária. “Normalmente as pessoas que vem fazer missão se comparam, se sentem mais afortunadas do que o povo aqui. Eu te falo o que sinto, larguei tudo no topo da minha carreira, porque aqui era a minha casa. E todos me perguntam: ‘por que não no Brasil?’ Porque eu senti que tinha de ser feito em Madagascar”.