Venezuelano que acolhe um brasileiro: uma amizade sem fronteiras.
Ao percorrermos os nossos olhares em Boa Vista – Roraima, nos deparamos com uma história emocionante e inusitada: um venezuelano acolhendo um brasileiro. Tudo começou em julho deste ano, quando o venezuelano Robert Alex, de 47 anos, chegou ao Brasil. Ele saiu da Venezuela em busca de novas oportunidades já que a situação do seu país está cada dia pior. “Eu tive que vir ao Brasil, porque a situação da Venezuela está muito complicada, não temos médicos, não temos comida, não temos trabalho e eu tenho uma família para sustentar”, comenta Robert.
Vindo para o Brasil com apenas a roupa do corpo, Robert foi buscando locais para se abrigar e foi na rua que conseguiu um espaço para dormir. Durante seu descanso deitado em cima de um papelão, escutou um barulho de confusão, onde ouvia vários outros venezuelanos expulsando um morador de rua brasileiro chamado Neri Oliveira, de 69 anos. “Aquilo mexeu muito comigo e não pude deixar a situação seguir adiante. Chamei ele para deitar ao meu lado e dividi com ele a minha caixa de papelão”, ressalta com os olhos marejados.
Neri é um jornalista brasileiro sonhador que largou tudo para se dedicar ao sonho da sua vida: trabalhar no campo. Decidiu vir para Boa Vista, recomeçar a vida, mas com os imprevistos, acabou perdendo tudo. “Estou desde maio morando nas ruas, sempre escutava dos venezuelanos: ‘você é brasileiro, o que está fazendo aqui?. Essa rua é para venezuelanos’. Quando o Robert chegou isso tudo mudou”, conta ele.
Foi ali que nasceu uma amizade de ajuda mútua. Neri começou a assessorar o Robert, fez um cartão de apresentação contendo os serviços que o venezuelano faz e fazia ligações para vários locais oferecendo e fazendo propaganda do trabalho do amigo. “Como eu falo português é mais fácil das pessoas entenderem, então, a propaganda acaba dando certo e eu consigo muitos “bicos” de trabalhos para ele”, comemora o senhor Neri.
Diante desta história, no desejo sincero de conseguir novas oportunidades e tirar eles das ruas, decidimos acolher os dois no nosso centro de acolhimento em Boa Vista. Mudando totalmente a concepção de acolhimento do local, onde até então, só tinha venezuelanos.
Como a Fraternidade sem Fronteiras (FSF) é totalmente sem fronteiras e acredita que o acolhimento é um caminho que vale a pena ser percorrido juntos, assim foi feito. Hoje, Robert e Neri ainda vivem no local, buscando novas oportunidades e a amizade dos dois só cresce.
A lição que fica para todos nós é que a amizade vale a pena. É a manifestação do amor de Deus através de cada um de nós. Que possamos aprender com essa história a olhar sempre o outro como o nosso irmão, sem nacionalidade, sem cor, sem fronteiras e sempre com amor.