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Brasil, um coração que acolhe: “Eu entendo que foi um presente que eu ganhei”

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Kelvin Nazareth Mejias Vasquez e Joselin Ruth Garcia chegaram ao Brasil em março deste ano com nenhum dinheiro no bolso, uma criança de 2 anos no colo e uma gravidez de alguns meses. A situação na Venezuela, seu país de origem, já havia se tornado insuportável e a imigração parecia ser a luz no fim do túnel.

“Chegamos no Brasil sem nada. Não tínhamos dinheiro nem para comprar água. Na fronteira com a Venezuela, um conterrâneo parou em uma caminhonete e nos ofereceu para seguir até Boa Vista com ele por um valor de R$ 150 por pessoa e eu respondi que não tinha como pagar esse valor. Me lembro de sugerir que ele levasse minha esposa e meu filho que eu seguiria a pé, mas ela não aceitou. No final das contas ele acabou se compadecendo e nos deu carona”, contou Kelvin.

A primeira parada foi na praça onde se localizava a grande maioria dos venezuelanos que chegavam em Boa Vista. Na primeira noite, Joselin e o filho de 2 anos dormiram em uma barraca emprestada, enquanto Kelvin dormiu para fora. “Me lembro que quando desci do carro e olhei aquela praça lotada de irmãos meus comecei a chorar e a dizer: ‘Deus o que vou dar de comer hoje a meu filho e minha esposa?’”

Das condições difíceis pela quais já passou, Kelvin destaca a vez em que trabalhou o dia todo catando entulhos e se viu enganado. “Como eu não conhecia o valor do real, eu aceitei um trabalho de catar entulho e aí quando terminei, o rapaz me deu uma moeda de R$ 1 e me disse que com ela eu conseguiria comprar muita coisa para o meu filho. Me lembro de ter agradecido muito enquanto ele ria, mas eu não podia imaginar que era de maldade”, relembra o venezuelano.

Foi nessa situação que a equipe da Fraternidade sem Fronteiras conheceu e acolheu a família do Kelvin. “Andava horas e horas procurando alguma coisa. Em um dos dias andei e voltei para praça sem nada, quando cheguei minha mulher me disse ‘amor, tem uma senhora que quer nos ajudar’”, contou ele, que completou, “decidimos confiar e foi a nossa melhor decisão”.

No Centro de Acolhimento da Fraternidade sem Fronteiras, Kelvin trabalhou e ajudou na construção de boa parte da estrutura. “Me deram uma oportunidade para trabalhar no centro de acolhimento. Um rapaz chamado Jair fez toda a estrutura de lá e eu o ajudei. Jair me ensinou muita coisa e o senhor Francisco, que também trabalha lá foi muito bom comigo”, conta.

Lídia Prata conheceu Kelvin e Joselin durante a caravana de psicólogos para Roraima em junho deste ano, o casal e agora os dois filhos, já que Joselin deu à luz uma menina no mês de maio, estavam no abrigo da FSF ao todo 5 meses. A conexão com a história da família foi tanta que Lídia decidiu que os levaria para Belo Horizonte. “Nesse meio tempo em que voltei da caravana, o filho deles de 2 anos foi atropelado e a filhinha de dias teve uma bronquite e não foi autorizada a voltar para o centro de acolhimento”, conta Lídia, que continua, “nessa hora me desesperei e decidi trazê-los logo”, conta ela, que completa, “a partir do momento que eu decidi que traria essa família, criamos um movimento boca a boca aqui em Belo Horizonte e vimos um mover muito bacana de vários corações que se propuseram e começaram a doar tudo o que eles precisavam”.

 

Ao chegar em Belo Horizonte, o casal foi recebido e acolhido por Lídia. Hoje, Kelvin já tem emprego de frentista em um posto de gasolina e o apartamento que a família vai morar já está quase fechado, faltando só assinar o contrato. Por enquanto, Joselin e as crianças ficam na casa de Lídia durante o dia e a noite dormem em uma pensão próxima. “Todos os dias que vejo a Lídia eu lhe agradeço. Não tenho mais palavras para agradecer o quanto ela já fez por nós”, contou Kelvin.

O apoio em Belo Horizonte tem sido incrível. “Muitas pessoas têm nos ajudado aqui. Quando me encontram no posto de gasolina que estou trabalhando, pedem para tirar foto comigo, gostam de me ver aqui”, contou ele.

As doações de móveis e roupas não param de chegar a todo instante. “Minha casa está lotada”, brinca Lídia. “Eu entendo que foi um presente que eu ganhei. Estou muito feliz por tê-los aqui”, finaliza.

Família de Lídia com a família de Kelvin

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