Distrito de Dondo. Moçambique.
“Eu não sabia usar chinelo, não gozei a minha juventude, eu sei como é o sentimento de órfão, é difícil. Perdi muita coisa na minha vida para ajudar meus irmãos e minha pobre mãe”, revela o Pastor Pedro Manuel, que aos 18 anos perdeu seu pai e passou a fazer carvão para vender. Ele cuida de 150 crianças no distrito de Dondo, em Moçambique.
Dondo fica na província de Beira, há mil km da capital de Moçambique, Maputo, com 61.000 habitantes em uma área de 382 km quadrados. Do centro de acolhimento modelo da Fraternidade, em Muzumuia, a distância de Dondo é de aproximadamente 2.500 km. Lá a situação também é afetada pelo HIV, onde 50% das crianças perderam seus pais para a doença, algumas órfãs de pai e mãe, outras de mãe ou pai.
Sozinho, Pedro Manuel implantou toda sua garra, assistência e amor ao próximo. A ajuda da Fraternidade sem Fronteiras foi solicitada, mais uma vez, por voluntários. A idade entre as crianças é de um a 13 anos, e o local de concentração é na igreja do pastor. “É assim todos os dias, das 08:00 até as 15:00 estou com elas, brincando e ensinando a orar e a cantar”.
O conhecimento da situação de Dondo atravessou o continente e chegou no Brasil, em São Paulo, através de uma igreja. Com ajuda de uma irmã, Irene, bolachas e suco, durante dois anos, eram os alimentos que podiam oferecer, sendo atendidas assim. Sem mais recursos, a igreja não tinha como sustentá-los. Com a ajuda da FSF, o pastor revela que a situação, agora, está normal. “Muita coisa mudou, elas tem almoço todos os dia”, comemora.
Continuar os estudos também é o maior sonhos das crianças de Dondo, e assim, se formar em alguma profissão ou cursos, e ter emprego. O pastor incentiva as aulas de dança com as meninas e uma equipe de futebol com os meninos, segundo ele, o que consegue desenvolver ainda como primeira fase. No final da tarde, as crianças retornam para suas famílias, entre avós, tios e irmãos, os que não tem seus pais.