A iniciativa aqueceu o coração dos brasileiros residentes no país e colaborou com a vida de 500 moradores de rua
Por: Natália Olliver – jornalista voluntária
Paula Paganini (49) aparece na tela ansiosa para contar sobre o que viveu. Seu rosto é um singelo lembrete de que atos simples podem se transformar em ações gloriosas. A brasileira, natural de São Paulo, reside com a família na Suíça, cidade de Lausanne, há mais de um ano. E é neste cenário que Paula iniciou junto a amiga Neusa de Mello, uma ação social em prol do projeto Fraternidade na Rua, que busca levar atenção, cuidados e dignidade a milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade.
São 9.037 km, o oceano atlântico norte e uma pandemia que impossibilitaram uma conversa presencial. Mesmo através da tela, Paula transmite simpatia e orgulho pelo trabalho desenvolvido. A ideia era clara e objetiva: ajudar a Fraternidade Sem Fronteiras(FSF). “Eu queria algo simples que pudesse ter repercussão.” Foi desse pensamento, em uma conversa informal e despretensiosa, que Neusa sugeriu à Paula um devilery de feijoada.
A ideia não poderia ser mais promissora! Rapidamente a ação atraiu mais pessoas interessadas em ajudar, e claro, matar a saudade do Brasil. A dupla de amigas conseguiu uma cozinha industrial emprestada e uma ajudinha extra no preparo das quentinhas. Cada marmita foi vendida a 25 Fr (Francos Suíços), o que equivale na moeda brasileira a R$ 146,98 reais. A ação foi um sucesso! Juntas as amigas venderam 100 marmitas, lucro de aproximadamente R$12 mil reais. “a gente tinha certeza que iria dar certo, mas não acreditamos no resultado. “
Para o preparo das marmitas Paula e Neuza tiveram que ir à França, 1h de distância da cidade de Lausanne, para comprar todos os ingredientes.” Tivemos que ir até a França porque aqui na Suíça tudo é muito caro”. Paula revela que o valor dos ingredientes foram a doação das amigas ao projeto Fraternidade na Rua.
Paula sempre esteve envolvida em projetos sociais junto ao marido Marcos Paganini e aos filhos. “Eu conheci a fraternidade há alguns anos junto com meu marido, por um vídeo do Alok, onde ele possibilitou a cirurgia de uma senhora com catarata”. A brasileira conta que se identificou de cara com os valores da Fraternidade: “ficamos encantados, queríamos fazer parte de alguma ONG e quando conhecemos o fundador, Wagner Moura, tivemos uma conexão, vimos que é realmente sem fronteiras.”
O casal apadrinha vários projetos da FSF e estão sempre em busca de atitudes que possam transformar a vida de alguém. Quanto a ação na suíça, Paula relata que a pandemia não atrapalhou a ideia “a gente pensa que a vida acabou, mas achamos um jeito de dar certo!”. Ela revela planos de realizar novamente a iniciativa em algumas datas de 2021 “a gente pensa em fazer mais vezes o próximo ano e mudar o cardápio, quem sabe. Foi mágico participar, não há felicidade maior”.
Nesse momento a brasileira se sente agradecida por fazer parte de uma ação que transforma vidas. O sentimento é perceptível mesmo através da tela. Paula dá um sorriso e define a fraternidade com uma única palavra: amor.
SOBRE O PROJETO O FRATERNIDADE NAS RUA – A iniciativa nasceu em Campo Grande – Mato Grosso do Sul, por meio de uma parceria da Fraternidade Sem Fronteiras (FSF) com a Clínica da Alma (Casa de recuperação para dependentes químicos). Com o apoio de voluntários e padrinhos, as duas entidades trabalham incessantemente para levantar recursos, impactar pessoas empáticas à causa e assim aumentar o número de acolhimentos. O projeto também foi ampliado para as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Uberlândia e Belo Horizonte e é a esperança para àqueles que precisam.