Por: Laureane Schimidt
Silmar Gomes saiu do Brasil no dia 10 de março, para participar de uma caravana, em Madagascar/África, por 30 dias. O objetivo do empresário em construção civil era ir até a Cidade da Fraternidade acompanhar a perfuração de um poço para o abastecimento de água para as famílias que ali moram. Seria a terceira tentativa de oferecer água para quem luta por ela todos os dias. “A necessidade daquelas pessoas por água mexe muito comigo. A necessidade deles é imensa. Ali, a água é usada apenas para beber e cozinhar. Não se usa para higiene, não porque não querem, mas porque não tem mesmo”, explica comovido Silmar.
O que Silmar não imaginava é que seria mais uma tentativa sem sucesso. Infelizmente, a pandemia provocada pelo Coronavírus fechou as fronteiras, estados e municípios. E na África não foi diferente. Depois de chegar a ilha de Madagascar, toda a programação de trabalho foi alterada por causa das medidas sanitárias. A empresa que iria fazer o serviço de perfuração do poço não pode viajar até a Cidade da Fraternidade e cumprir com o compromisso. E nem Silmar pode dar continuidade ao trabalho que havia proposto para aquele lugar. Foi então que, sem poder voltar ao Brasil, ele percebeu que havia outras necessidades por ali.
A experiência profissional fez com que ele reunisse um grupo de trabalhadores e começassem a construir a clínica da Saúde, barracões, terminar o refeitório e deixar prontas mesas e cadeiras. “Ali tem trabalho em todos os segmentos, seja do da saúde, educação, saneamento… A vontade deles trabalharem é grande, mas faltam recursos. E quando oferecemos as condições, eles se alegram, fazem com a maior boa vontade e sem reclamações”, afirma Silmar.
E foi em um desses momentos de trabalho coletivo que viria a ser o mais impactante ensinamento vivenciado por Silmar naquele país. “Era perto da hora do almoço. Estávamos na construção de alguns bancos de madeira. Eu vi três crianças se aproximarem de mim com uma metade de espiga de milho na mão. Eles deviam imaginar que ninguém ali na obra tinha almoçado. E eles me ofereceram as duas fileiras de grãos de milho que ainda tinham”, relata emocionado.
O detalhe daquele gesto estava em algo muito mais difícil de se acreditar. “O que mais me impressiona é que aquele país é de muita miséria e falta de comida, mas mesmo aqueles que pouco tem, dividem. Aquele milho era a refeição daquelas crianças. E elas partilharam comigo. Isto é exemplo de vida”, finalizou e registrou em foto para nunca mais se esquecer do tamanho que o amor pode ter.
Silmar voltou da África três meses depois.
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