1ª caranava RORAIMA
A resposta é sim. É possível.
E não há mal nenhum que perdure enquanto existir corações voluntários.
No último final de semana do dia 29 ao dia 1° de abril, páscoa, a Caravana da Fraternidade sem Fronteiras, junto com o projeto Canudos, desembarcou em Boa Vista com 60 voluntários de diversas partes do Brasil, com a missão de atender nas áreas de saúde e cadastramento curricular, novo sistema online criado pela FSF. Prospectar uma nova esperança, já realidade para alguns venezuelanos refugiados em Roraima. Cerca de 700 cadastros e mais de 2900 atendimentos médicos foram realizados, a ajuda humanitária teve saldo positivo e já rende frutos de um bom e sério trabalho coletivo. Perspectivas superadas, gratidão reforçada.
29 de março, quinta-feira.
Centro de acolhimento da Fraternidade sem Fronteiras – Senador Hélio Campos
De 9h às 18h, os 260 venezuelanos acolhidos receberam tratamentos médicos e odontológicos depois de passarem pelo cadastramento de seus currículos – os adultos. 75 Crianças até 10 anos completam esse número dos moradores. Biomédicos, clínico geral, pediatria, oftalmologia, dermatologia, ginecologia e psicologia foram as áreas de saúde trabalhadas durante a caravana.
Na Ação Social os cadastros eram mediante as documentações pessoais e profissionais dos imigrantes. Disponível online na plataforma dentro do site da FSF, o sistema adiciona os currículos e informações importantes e precisas para um possível trabalho. Com quatro links entre ver os currículos, quero oferecer emprego, quero apoiar e quero ser tutor fraterno, qualquer pessoa pode acessar e ajudar da maneira que puder.
“Ainda não absorvi tudo o que vivi nesses dias, acho improvável que alguém consiga. Obrigado por me permitirem fazer esse trabalho voluntário”, Pedro Figueiredo, caravaneiro voluntário de Belo Horizonte.
30 de março, sexta-feira
Igreja Consolata – São Vicente
Mais de 500 atendimentos, também de 9h às 18h, devolveram a esperança dos refugiados assim que cadastravam seus currículos, a promessa não era de emprego certo, mas todos agradeciam a oportunidade em querer de alguma maneira tentar ajudá-los. Muitos profissionais qualificados a procura de qualquer trabalho. O importante é recomeçar, receber e ajudar aqueles que ainda vivem do outro lado da fronteira.
“Tudo tão maravilhoso o que vivemos em Roraima. Temos que continuar trabalhando juntos para fortalecer esses laços que construímos nesses dias”, Dani Gimenes, caravaneira voluntária de Itú, SP.
31 de março, sábado.
Pacaraima – Cidade fronteiriça com a Venezuela (Igreja do Padre Jesus)
A situação da cidade é mais precária que na capital, muitos venezuelanos se encontram vivendo nas ruas e abrigos improvisados e ainda não tiraram seus protocolos de refugiados. Não é possível o cadastro no sistema, sem o protocolo necessário para tirar sua carteira de trabalho e se for preciso mudar de cidade. Os atendimentos médicos ocorreram normalmente e mais de 400 pessoas foram atendidas.
“Quanta gente junta gigante de coração, atitude e trabalho”, Valéria Terra, caravaneira voluntária de Porto Velho, Rondônia.
1º de abril, domingo. Páscoa.
Último dia. Igreja Consolata novamente.
A notícia espalhou e mais de 500 venezuelanos já esperavam os caravaneiros em busca de atendimentos e cadastramento de seus currículos. “Vocês vão embora? Isso vai acabar? Me leva para sua cidade? Trabalho do que for preciso!”. As principais perguntas daqueles que ainda não tinham feito seus cadastros e estavam tentando se regularizar para também fornecer seus currículos.
02 de abril, segunda-feira.
Chegada da carreta carregando 25 kg de alimentos não perecíveis e produtos de higienes básicas e pessoais. Nossos olhos e do mundo todo estão agora em Roraima, e a situação precisa ser resolvida de maneira humana e fraterna. A cada dois meses os voluntários da ação social da caravana da Fraternidade sem Fronteiras e os voluntários do projeto canudos estarão visitando as cidades e levando a ajuda para quem tanto precisa. A força do amor supera todos os problemas, e quando corações do bem e dispostos a ajudar se unem em prol do próximo, é possível comprovar em atitudes que sim, é possível recomeçar.
Mara Jane, fotógrafa, caravaneira voluntária de Santa Catarina, agradeceu a oportunidade usando uma citação: “Somos gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares que provocam transformações extraordinárias”.
SALDO DA 1ª CARAVANA EM RORAIMA
Cadastro curricular
Cerca de 700 cadastros
Muitos venezuelanos ainda não tinham seu protocolo, por isso não foi possível fazer mais.
Área da saúde
970 pessoas atendidas
Mais de 2900 atendimentos de serviço de saúde
Mais de 5000 medicações entregues
Mais de 400 de atendimentos odontológicos